sábado, 4 de julho de 2009

Interferência CIEM.h²


O projeto de Interferências mensais com trabalhos dos eixos representativos do Centro Integrado de Estudos do Movimento Hip Hop (CIEM.h²) iniciou-se no mês de março com o Graffiti, com a interferência concebida e representada por Ric e Fawe que foi realizada com absoluto êxito. E em um turbilhão de ressonâncias analisaremos as três últimas interferências: movimento, moda e música.

A primeira idealizada por Taís Vieira, tendo a frente jovens que compões o eixo de Moda, bem como interlocutores em dança fizeram do centro da cidade de Macaé um "caldeirão" a céu aberto. Não era o que anunciava em si a ocupação, mas se tratava, sobretudo, de atitude. Eles fizeram do decorflex preto e branco, o tapete vermelhos das passarelas, mas também o usavam na natureza dos grandes encontros de "Breakdance". Cada um era único, e se assumia assim, por isso funcionava, e como funcionava.

Já no mês de maio, no dia internacional da dança (29), o grupo de pesquisa aplicada em Street danca e Hip Hop, coordenado por Filipe Itagiba, atuou de modo mais discreto, mas não por isso efetivo. Deslocando os princípios da performance que se encerra em si mesma para a produção da tensão, o grupo com sete ou oito intérpretes faziam da avenida seu dever de casa, conheciam-na nos seus interstícios por isso a dominavam.

Por fim, no mês de junho com a Banda Art.1 chegara a música. "posso tocar uma música para você?", perguntava timidamente um dos jovens da banda. A desconfiança era inevitável, afinal se cria uma relação nesse momento, mesmo que breve. Depois de finalmente alguémaceitar, eles punham seus instrumentos sobre os colos ou sentavam neles, como no cajón e faziam o que sabem de melhor: cantar e 'tocar'. Ingênuo? Essa era a proposta que Paulo Azevedo idealizou com os jovens; sair do espetáculo e 'tocar'. Durante uma das intervenções um homem embriagado pára! Ele toma a mureta de cimento de assento, ouve a música, chama mais um colega que arde em álcool para parar. Ali, param de beber por cinco minutos, eles desejam mais, já são 10 minutos sem beber. Não se trata de moralismo gratuito, trata-se de fluxo e refluxo. O ritmo doi mudado, a interferência cumpriu seu papel artístico, lúdico, político - a cidade foi afetada"

"Os corpos levam as cidades consigo. Corpos nômades e sem rumo são cidades à deriva."

Daniela Brasil



O que está em jogo em todas essas manifestações é justamente esse rompimento de fluxo, somente assim o corpo pode atuar como agente de deslocamento, de transição, pois é nele que está contida a possibilidade de subverter e alterar a sensibilidade da massa, da atomização, produz-se novos sentidos e desejos que emergem justamente deste devir, ou simplesmente deste necessário diálogo entre a cidade e o corpo, gritando novas cores, gestos e ritmos.




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